Ministro da Costa Rica defende mais orçamento para a cultura e menos para militarização

A abertura do Congreso Iberoamericano de Cultura no Teatro Nacional de San José, capital da Costa Rica, reuniu representantes governamentais e da sociedade civil de 22 países. Em seu discurso, o ministro da Cultura e da Juventude, Manuel Obregón, foi aplaudido ao defender mais orçamento para a cultura e menos para a militarização.

Confira aqui a íntegra do discurso de Obregón traduzido para o português por Alexandre Santini, convidado e um dos representantes do Laboratório de Políticas Culturais da UFRJ no Congresso.

“Bem-vindos queridos amigos, procedentes de todos os rincões de nossa Ibero-américa.

Para Costa Rica, e para mim em particular, é uma honra poder recebê-los em nossa casa. Obrigado por nos acompanharem neste encontro, que conta com a presença de destacados representantes da nossa cultura comum, para compartilhar este espaço de reflexão, diálogo e aprendizado que é o VI Congresso Ibero-Americano de Cultura San José 2014, que acontece no marco do Festival Internacional das Artes que abrilhanta a nossa capital.

Desde que assumi o desafio de liderar o Ministério de Cultura e Juventude, várias ideias guiaram meu caminho, ideias que espero sejam úteis para este espaço de reflexão e acordos que queremos estimular com todas as pessoas que participam do congresso que começa esta noite.

Me anima a forte crença de que somente unindo todas as forças e setores é possível obter mudanças substanciais. Os desafios que temos nas sociedades Ibero-americanas só podem ser enfrentados com uma aliança virtuosa entre os estados, a academia, as organizações sociais, a cooperação internacional e as empresas privadas. Por isso, buscamos este ano uma aliança com o movimento de Cultura Viva Comunitária que nos permitiu gerar avanços em políticas e programas de base territorial.

As Culturas Vivas Comunitárias contribuem para a construção de um novo modelo participativo de democracia; são o motor das transformações sociais, fortalecem as identidades e a economia, para assinalar somente algumas de suas características mais importantes.

Unir esforços e avançar em agendas conjuntas é um desafio grande, pois requer uma atenção especial, respeito às diferenças e identificação dos aspectos comuns; requer um pouco de renúncia e outro pouco de paciência. Porém, é sempre mais interessante o resultado que surge da união do que da fragmentação.

Hoje, dia 11 de abril, celebramos na Costa Rica a nosso herói nacional Juan Santamaría, um músico que com seu tambor nos marcou o caminho da liberdade e da paz. Profundamente conectado com as raízes ancestrais, com a herança de estes homens visionários que decidiram investir em cultura, educação e saúde, ao invés de gastar com as armas. Tenho a firme convicção que nos corresponde, a partir de nosso setor cultural, propor à Cúpula de Presidentes um aumento do orçamento da cultura e uma redução do orçamento militar. Exigir uma cultura de paz como direito humano e erradicar a cultura da guerra e da violência que nos assola. O novo humanismo deve inspirar o trabalho de cada um, os pequenos atos cotidianos que, tanto em família como na comunidade, geram coerência e uma relação harmoniosa com o entorno, a diversidade cultural em harmonia com a biodiversidade.

Tenho a certeza de que a cultura tem um enorme potencial como motor de desenvolvimento humano. É impensável hoje um desenvolvimento que não tenha a criatividade, o talento, a identidade, o sentido de comunidade e de pertencimento, como elementos que o guiem e moldem.

Queremos que as pessoas disfrutem de vidas dignas, prósperas e felizes, e isto requer animar e estimular suas dinâmicas culturais. Para isso, temos que avançar em facilitar a livre circulação de bens e serviços culturais, e assim propiciar o aumento dos intercâmbios no campo cultural. Este é um dos temas que estaremos avançando na agenda interministerial.

Se queremos provar o papel da cultura para o desenvolvimento, temos a tarefa de registrar e quantificar o aporte dos setores culturais para a econimia, daí a importância das Contas Satélites.

Quanto mais países se somem a este sistema de indicadores, mais teremos a possibilidade de fazer estudos comparativos e afinar as políticas públicas destinadas a fortalecer o setor.

Lhes convido a participar do Congresso com alegria, entusiasmo e disposição de colaborar e unir esforços. Assim sairemos daqui cheios de energia, novos vínculos, aprendizados e dando mais um passo adiante no caminho do fortalecimento das culturas da Iberiamérica e seu papel protagonista no desenvolvimento virtuoso de nossas sociedades.”

Leia a versão em espanhol aqui.

Serviço:

VI Congresso Ibero-americano de Cultura

De 11 a 13 de abril, em Jan José, Costa Rica

Mais informações:

http://www.culturaiberoamerica.cr/

Acompanhe a cobertura pelo facebook:

https://www.facebook.com/pages/Lei-Cultura-Viva/411276908942032

Tradução: Alexandre Santini,

Foto: Equipe de comunicação do Congresso Iberoamericano de Cultura

De Cartago, Costa Rica

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 + 7 =